É difícil ficar excitado com a profundidade de campo, dada a sua definição usual. No entanto, tem na realidade a ver com muito mais do que o espaço numa imagem dentro da qual um motivo surgirá razoavelmente nítido. A profundidade de campo define a plasticidade da imagem - o seu sentimento, o seu tratamento do espaço.
Na visão normal, apenas 5 por cento do que vemos é nítido - apenas a parte do campo visual que conseguimos ver com detalhe. No entanto, uma cena aparece nítida no seu todo porque os nossos olhos refocam constantamente enquanto saltam de detalhe em detalhe, perscrutando a cena para construir uma imagem totalmente focada.
Numa fotografia típica antes da era digital, poucas imagens eram nítidas.
Isto mudou na era digital. Com a utilização de pequenos chips sensores que exigem objectivas com distâncias focais curtas, a profundidade de campo tornou-se subitamente muito extensa. Tudo parecia nítido, e no início tal foi muito bem recebido, mas as reacções negativas surgiram rapidamente: todas as imagens pareciam iguais, e era difícil encontrar uma forma de realçar o motivo.
Os principais controlos da profundidade de campo que temos à disposição são a abertura, a distância focal e a ampliação. A profundidade de campo aumenta com aberturas mais pequenas, distância focal mais curta e menor ampliação (onde a câmara está mais afasta do motivo). Para diminuir a profundidade de campo é necessário aumentar a abertura da lente, usar uma objectiva com uma distância focal maior ou aproximar-se do motivo.
No entanto, estes controlos são insignificantes se comparados com a opinião do observador sobre a nitidez e o grau de exigência com que a imagem está a ser observada. A percepção de profundidade de campo será também influenciada pelo tamanho da impressão: quanto mais pequena for, maior será a profundidade de campo aparente.
Atendendo a que muito de uma imagem típica está desfocado, o que pode ser mais importante é o desfoque. No final do séc.XX, com o uso de objectivas baratas com diafragmas de abertura de formato bizarro em câmaras compactas, os fotógrafos ficaram a conhecer a falta de nitidez não atraente - na qual o desfoque era irregular, carecia de transições suaves e apresentava halos. A qualidade do desfoque é designafa "Bokeh", e um bom bokeh é uma qualidade da imagem quase tão valorizada como a nitidez.
O resultado líquido é que a plasticidade da imagem - o sentimento e a forma com que transmite o espaço da imagem ao observador - depende muito do controlo da profundidade de campo, o que por sua vez depende da utilização de sensores maiores, caso queira criar uma profundidade de campo reduzida, e de lentes de alta qualidade para um desfoque suave.